26 de março de 2011

Luna


Luna, minha cachorra morreu. Uma mestiça de pastor belga que estava com 12 anos. Há uns 4 meses, começou a emagrecer e ter uma tosse de velho um tanto estranha. Nem sabia que cachorro tossia. Dae que a barriga dela começou a inchar, como se estivesse grávida. Mas era só na altura do estômago. A veterinária disse que ela era cardiopata. O coração fica fraco e não tem força pra bombear sangue pro corpo todo, que passa a acumular líquido por causa disso.
Então, nosso último momento foi quando a levei pra rua. Estava comendo e joguei um naco de pão para ela, que abaixou, cheirou e me olhou com os olhos tristes. Achei que era frescura e dei-lhe um tapa na cabeça. E aquele olhar triste agora não sai da minha cabeça, dizendo o quanto sou egoísta. Que ela tinha que comer para me agradar, não porque queria. Estava irritado, estressado, mal-humorado. Tem um monte de desculpa. E nenhuma serve.
Muitas vezes chegava em casa cansado do trampo e da faculdade e levava ela pra rua pra poder andar, já que o quintal de casa é minúsculo e sei que ela precisava disso. Muitas vezes pensei que podia já estar na cama vendo tv ou no banho, olhava pra Luna, barriguda e cansada, farejando e sentindo os odores que eram tão importantes pra ela e pensava “não me custa nada”. Do meu jeito torto, era como me importava com ela.
Dei seus comprimidos noturnos e fui dormir. Ela não amanheceu. Morreu à noite. Não sei se sofreu ou se foi rápido, só que estava dura e fria pela manhã. O olho semi-aberto com o olhar vazio, sem expressão. Um olhar morto.
Infelizmente a única imagem que lembro dela é daquele olhar triste. Quase que com pena do idiota que ela parecia saber que eu muitas vezes sou.

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